segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

CHATICE

Acho o Natal e principalmente o Ano Novo um conjunto de chatices e de emoções falsas, onde a exploração fica a crédito do comércio, que na hora de vender faz de tudo para enganar o besta do consumidor,  cercado de débitos e juros. As crianças, inocentes e felizes, não sabem o que há por trás daqueles fogos, lâmpadas e  balões.

Millôr, a propósito, pergunta: “Responda depressa: os melhores presentes de Natal você dá por generosidade ou por conformismo?”

NORDESTE



Aqui, no nosso sofrido Nordeste, a ideologia vigente é o raspa-barril, cada um por si e os outros que se danem. A região está, há séculos, em um darwinismo niilista que é a única regra do jogo. Ó Deus, onde Te escondes?

JORNALISMO

Jornalismo é a segunda mais antiga profissão. Jornalismo está num baixo tremendo. Oscila de tentativas de agradar da ralé à propaganda. É o jornalismo-rinoceronte. Bajular a massa não a ensinará a ler. Deve haver muita gente que gostaria de ler palavras civilizadas. Não está sendo atendida.

Os ingleses (a Inglaterra é a mãe do jornalismo), talvez por serem predominantemente empíricos, usaram o jornalismo para tudo. Shaw é o melhor exemplo (é irrelevante que seja irlandês, fez a vida e fama na Inglaterra). Escreveu sobre música, teatro, política, economia, religião, sexo etc.

No Brasil, seria mal recebido pelos nossos acadêmicos, os quais desprezam o jornalismo, como incompleto e superficial.

MAIS BELO





Diz Balzac que nada há mais belo do que fragata à vela, cavalo a galope e mulher dançando. Há, sim, mestre Honoré  de  Balzac: criança feliz.

O ENGANADO

Tem gente assim: não lê os livros, mas as críticas dos livros. E cita os livros, como se os houvesse lido. Daí a exorbitância de suas leituras, em algumas línguas. Com isso, engana os tolos, e o tolo mais enganado é ele próprio, que não sabe o que perdeu.

PALAVRA

A Palavra Sagrada me acha, que não acredito em coisa alguma, nada mais é que sintaxe e gramática de lavra humana. As palavras estão longe de cobrir nosso mundo sensorial e espiritual. Foi um momento de extraordinária auto-introspecção na história da filosofia e da vida humana. Quem quiser me acompanhar nesse raciocínio, acompanhe. Quem não quiser chute pedra!

GENTE INFELIZ

Já passou dos 70 anos. Ou seja: do termo da vida previsto pelas Escrituras. Irá certamente aos 80. Talvez aos 90. Entretanto, longe de ser um prêmio, a vida para ele é um castigo. Veio ao mundo para testemunhar as vitórias alheias, e isso o maltrata, o machuca, lhe tira o sono.

Só tem um consolo: acompanhar o enterro dos contemporâneos. De manhã, quando abre o jornal, vai diretamente à página do obituário, para ver quem deu baixa. Ganhou o dia, se tem velório à vista. Abre um largo sorriso.

Todos o conhecemos. Dou-lhe o nome? Não. Não merece. Nem isso.

SAUDADE MINHA

 

Ainda alcancei, na minha província, a ressonância dos Natais de meus avós. E daí, sentimentalmente, nas horas em que a memória vê as ruas repletas de povo para a Missa do Galo, a saudade, bem minha, bem piauiense, com que apuro o ouvido, mesmo aqui, do lado de cá da Serra Grande, para ver se alcanço o som cristão das rabecas de outrora, chamadas a festejar o nascimento do Menino Deus, que a Igreja fixou em 25 de dezembro, mesmo  que ninguém jamais vá saber a data exata do dia em que Ele nasceu.

Tanto o Natal quanto a chegada do Ano-Novo têm o dom de acentuar em nós o sentimento da comunhão familiar. Por mais que sintamos à nossa volta, longe do chão natal, o aconchego de uns poucos amigos e companheiros de fundo de varanda, falta tudo, ainda que nada nos falte.

Saudade de minha mãe, de meu pai, das meninas, de meus irmãos, de nossa casa, grande, movimentada e alegre. Encho devagar o peito, tentando esconder o meu suspiro, e trato de desfazer na rotina da vida a vontade quase invencível de chorar.

           (Só estaremos com este Blog de volta a partir de 9 de janeiro.)

SUPERMINISTERIO

Enquanto escrevo o blog, nesta manhã da última segunda-feira do ano,   o problema de completar o ministério  foi resolvido. São 37 cadeiras ministeriais. Eu disse 37, perto de  chegar às 40 da Academia Brasileira de Letras, a famosa Casa dos 40.

O que se pode esperar de um governo com 37 ministros? JK tinha apenas 12. Getúlio, 13. Sarney chegou aos 23, organizado por Tancredo, e fez uma administração desastrosa. (Você foi “fiscal do Sarney”? Suicide-se!!!)

Por que Dilma não cria o 40º? Por exemplo, o Ministério da Fiscalização Presidencial? Poderia ser ocupado pelo honrado Zé Dirceu, e ela finalmente aprenderia a diferença entre talento e quantidade.


Dirceu é o autor da famosa frase: “Todo Pooddle é um cachorro, mas nem todo cachorro é um Pooddle.”