Ainda alcancei, na minha província, a ressonância dos Natais de meus avós. E daí, sentimentalmente, nas horas em que a memória vê as ruas repletas de povo para a Missa do Galo, a saudade, bem minha, bem piauiense, com que apuro o ouvido, mesmo aqui, do lado de cá da Serra Grande, para ver se alcanço o som cristão das rabecas de outrora, chamadas a festejar o nascimento do Menino Deus, que a Igreja fixou em 25 de dezembro, mesmo que ninguém jamais vá saber a data exata do dia em que Ele nasceu.
Tanto o Natal quanto a chegada do Ano-Novo têm o dom de acentuar em nós o sentimento da comunhão familiar. Por mais que sintamos à nossa volta, longe do chão natal, o aconchego de uns poucos amigos e companheiros de fundo de varanda, falta tudo, ainda que nada nos falte.
Saudade de minha mãe, de meu pai, das meninas, de meus irmãos, de nossa casa, grande, movimentada e alegre. Encho devagar o peito, tentando esconder o meu suspiro, e trato de desfazer na rotina da vida a vontade quase invencível de chorar.
(Só estaremos com este Blog de volta a partir de 9 de janeiro.)