sexta-feira, 16 de março de 2012

Como vai ele?


Não estou gostando nada desse vaivém de Lula ao hospital. Alguma coisa não anda bem, e Deus queira que seja apenas desinformação ou “segredo médico” para não atrapalhar o tratamento. Lula é símbolo de um Brasil que mudou. Tem carisma, popularidade altíssima. Lideranças como a dele acabaram, nas virtudes, nos defeitos. Queremos vê-lo de volta à atividade política o mais rápido possível. Ele não é insubstituível, como ninguém é. Mas nos é necessário. Sem Lula, sua história, sua ascensão, sua voz rouca, o Brasil entra numa UTI social, política e democrática. E fica quase impossível apagar os pilantras das manchetes de jornais. Só queremos a verdade – como está, de fato.  a doença do grande líder?

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Celibatário


O amor também se diverte, torturando: deixa criar a mulher imaginária, e depois manda que o criador a procure. Se este a encontra, não a reconhece, porque a enfeitou demais; se não a encontra, desespera-se, e acaba sem ter companhia.

Isso explica a existência de muito celibatário que fala sozinho.

Luz e Cores


Se os dorminhocos soubessem o que perdem por não acordar cedo, não permaneceriam na preguiça da cama, com a janela ou a cortina impedindo a claridade nova que vai crescendo no horizonte, e é sempre uma festa de cores, ainda que por cima dos malditos espigões. É dessa luz que vem o meu bom humor. A natureza, ao apontar do dia, sempre nos dá, como hoje, a sua mais bela lição: faz a mesma coisa sem se repetir.

Sammy Davis Jr.


Corro a avenida da tevê e dou com ele, num velho filme dos velhos tempos.  O crioulo era simplesmente genial. Cantava, dançava, pulava, fazia imitações de Jimmy Stewart, Cary Grant, Jimmy Cagney, relativamente fáceis para um profissional da mímica, mas seu Marlon Brando parava a festa. Sammy, feio como o pecado, reproduzia à perfeição cômica a inflexão perplexa de Marlon Brando, bonito como um deus. A vitalidade de Sammy nos assombrou nos anos 60.

Fumar é um prazer


 Diz um velho tango, com muitas versões. Será? Não sei. Nunca fumei, e lembro apenas Nora Ney a cantar De cigarro em cigarro, um clássico de Luiz Bonfá: “Outra noite esperei / Outra noite sem fim / Aumentou meu sofrer / D cigarro em cigarro / Olhando a fumaça no ar se perder”...  Os fumantes garantem que o cigarro é também um companheiro da nossa solidão. E finalmente o cigarro é ter alguma coisa para fazer, como arranjar um câncer no pulmão.  Mais e mais não temos o que fazer. A tecnologia  eliminou, em grande parte, o trabalho braçal. A informática, o mental.

Memória


 Governador do Ceará pela segunda vez (1979-1982) – a primeira vez foi entre 1963 e 1966 – Virgílio Távora estava no gabinete, quando entra um aspone qualquer, doido para uma puxada, algo que sua excelência detestava. Pediu licença e mostrou um livro, onde o autor, lá pras tantas, espinafrava VT. Atento ao trabalho que fazia, Virgílio apenas perguntou em que página estava o texto. O aspone abriu o livro e apontou: “Aqui na página 12.” VT nem olhou e perguntou o nome do escritor. O aspone disse, fazendo cara de nojo. E o governador, sem tirar os olhos do trabalho que fazia, disparou:

-- Ora, doutorzinho, com um autor desse o leitor sequer chegará à página 10. Jogue isso no lixo...

O assessor de imprensa de Virgílio era o  amigo e colega Rangel Cavalcante, há muitos anos radicado em Brasília, e que todos os domingo é meu vizinho, na página 3 do caderno Gente, aqui no Diário, com suas notícias políticas e sua ironia fina. É um patrimônio do jornalismo cearense, e a ele, todos nós, seus colegas, devemos muito. Mas isso eu conto depois. Virgílio, que era de Fortaleza,  morreu em São Paulo em 3 de junho de 1988, aos 69 anos. Foi o maior político do Ceará de sua geração.