sexta-feira, 16 de março de 2012

Memória


 Governador do Ceará pela segunda vez (1979-1982) – a primeira vez foi entre 1963 e 1966 – Virgílio Távora estava no gabinete, quando entra um aspone qualquer, doido para uma puxada, algo que sua excelência detestava. Pediu licença e mostrou um livro, onde o autor, lá pras tantas, espinafrava VT. Atento ao trabalho que fazia, Virgílio apenas perguntou em que página estava o texto. O aspone abriu o livro e apontou: “Aqui na página 12.” VT nem olhou e perguntou o nome do escritor. O aspone disse, fazendo cara de nojo. E o governador, sem tirar os olhos do trabalho que fazia, disparou:

-- Ora, doutorzinho, com um autor desse o leitor sequer chegará à página 10. Jogue isso no lixo...

O assessor de imprensa de Virgílio era o  amigo e colega Rangel Cavalcante, há muitos anos radicado em Brasília, e que todos os domingo é meu vizinho, na página 3 do caderno Gente, aqui no Diário, com suas notícias políticas e sua ironia fina. É um patrimônio do jornalismo cearense, e a ele, todos nós, seus colegas, devemos muito. Mas isso eu conto depois. Virgílio, que era de Fortaleza,  morreu em São Paulo em 3 de junho de 1988, aos 69 anos. Foi o maior político do Ceará de sua geração.