segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Agonia


 Depois das pressões populares em quase todas as cidades do Brasil, envolvendo alguns confrontos perigosos entre policiais e pessoas do povo, o Planalto vê cair por terra a tal de PEC-73, que limitava os poderes do Ministério Público, a corrupção passou agora ao altar de crime hediondo e um plebiscito bem poderia decidir qual o melhor regime de governo para os brasileiros. Vale dizer: o povo tem de ir às ruas e exigir o que pretende para melhorar de vida (isso me faz lembrar o delicioso conto do maranhense Arthur de Azevedo, O plebiscito, publicado no Rio pela Editora Alhombra, em 1894). Ora, como todo mundo hoje sabe o que significa, sugeriram à presidente Dilma, a propósito da reforma política que estaria a caminho, que ela se utilizasse desse recurso constitucional para levar a debate o sistema que melhor atenda à nossa democracia. 


Nesse rolo da reforma política, entra o voto distrital, embora com resistência. “O voto distrital não cria líderes, só representantes medíocres”, diz um senador que não merece ser citado. Esse tipo de político esquece que todos os grandes estadistas do mundo floresceram no voto distrital. São os mesmos argumentos, os mesmos, utilizados  contra o conselheiro Saraiva e sua lei, há bem mais de 100 anos. “Favorece o abuso do poder  econômico”, garante ele. Ora, o voto proporcional foi abolido da Itália, como o maior responsável pela corrupção que varreu o país. Aqui, ele deu a CPI do orçamento, lembram? Quando vamos sair dessa armadilha que é o voto proporcional, o maior responsável pela crise política brasileira? Sem voto majoritário não há Parlamento forte. Sem Parlamento forte não há democracia forte.