quarta-feira, 4 de setembro de 2013

FHC

 Foi um presidente elegante e culto. Devemos o real a ele, iniciado por Itamar Franco, mineiro nascido em águas da Bahia, mas foi registrado no cartório como mineiro de Juiz de Fora, cidade da qual foi prefeito e onde seus pais sempre moraram. Lá ele foi concebido, então se considerava mineiro, dos sapatos ao badalado topete.  Bom, mas falemos de FHC. Tinha uma mania curiosa: todos os dias, antes de se recolher, ele ditava para seu gravador tudo o que se passara nas últimas  24 horas, organizadamente. Foram mais de 5 mil páginas digitadas. Ele decidiu publicar tudo, mas somente depois de sua morte, para  que os políticos criticados por ele não tenham como respondê-lo. São dois ou três volumes. Ele também revela que antes de se recolher aos aposentos do Alvorada, apagava todas as luzes, “para evitar desperdícios”. 

Entrou para a história como o presidente do real. Em plena ditadura militar, foi preso – já não era presidente – encapuçado e interrogado com gritos e indelicadezas pelos famigerados membros da ditadura militar. Não chegou ao “pau de arara” por milagre. Hoje, aos 83 anos, ainda filiado ao PSDB, tem se esforçado pela dobradinha Aécio e Eduardo Campos. Acha que  Marina Silva não conseguirá registrar seu partido e ela mesma desafiar a presidente Dilma para o confronto de 2014. Ele diz nos bastidores que se o candidato for Lula, este perderá as eleições. O “sapo barbudo” está envelhecido e não tem saúde para suportar uma eleição presidencial. Perdeu muito daquele formidável líder metalúrgico. 

Os que têm o privilégio de ouvi-lo nas palestras que tem dado mundo afora, o consideram lúcido e brilhante. Convites lhe sobram. Viúvo da D. Ruth, que era antropóloga, estudiosa e de idéias modernistas, tenho ter sido a mais respeitável primeira-dama do Brasil. Era um ano mais velha que o marido, com  quem começou a namorar ainda adolescente. Daqui a 50 anos, ao lado de Getúlio e JK, provavelmente ainda será lembrado como “o presidente do real e criador da reeleição até dois mandatos. Prestem atenção – tudo o que ele diz, em suas pregações, repercute na mídia e nas maiores lideranças deste país onde o céu azul é mais azul.