Lembram deste soneto? Chama-se Conta do Tempo. O autor é Frei Antônio das Chagas (1631-1682). Antes de se tornar frei franciscano, chamava-se Antônio da Fonseca Soares. O nome dele está ligado ao Morro do Castelo, no Rio, onde ajudou a construir o Convento Santo Antônio.
Informações para os arquivos do leitor. Eis a íntegra:
Deus pede estrita conta do meu tempo
E, eu vou do meu tempo, dar-lhe conta
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta
Eu que gastei, sem conta, tanto tempo?
Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado e não fiz conta,
Não quis, sobrando tempo, fazer conta,
Hoje quero acertar conta e não há tempo.
O!... Vós que tendes tempo, sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo,
Cuidai enquanto é tempo, em vossa conta.
Pois, aqueles que sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar de prestar conta,
Chorarão, como eu, o não ter tempo.