quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Tempo.


Lembram deste soneto? Chama-se Conta do Tempo. O autor é Frei Antônio das Chagas (1631-1682). Antes de se tornar frei franciscano, chamava-se Antônio da Fonseca Soares. O nome dele está ligado ao Morro do Castelo, no Rio, onde ajudou a construir o Convento Santo Antônio. 


 Informações para os arquivos do leitor. Eis a íntegra:



Deus pede estrita conta do meu tempo
     E, eu vou do meu tempo, dar-lhe conta
      Mas, como dar, sem tempo, tanta conta
               Eu que gastei, sem conta, tanto tempo?

            Para dar minha conta feita a tempo,
             O tempo me foi dado e não fiz conta,
                 Não quis, sobrando tempo, fazer conta,
                      Hoje quero acertar conta e não há tempo. 

                         O!... Vós que tendes tempo, sem ter conta,
                        Não gasteis vosso tempo em passatempo,
                        Cuidai enquanto é tempo, em vossa conta.

                             Pois, aqueles que sem conta, gastam tempo,
                           Quando o tempo chegar de prestar conta,
      Chorarão, como eu, o não ter tempo.