Há, no país, uma epidemia de furto e roubo. Pior que a virose, a dengue, o cólera. Há pânico. Para todo lado se fala nisso. É a fofoca nacional. Rouba-se tudo. Está de tal modo que nos balcões dos peixeiros, ali da Beira Mar – onde já foi assaltado até o presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes -- um feirante indignado passa o tempo a gritar que robalo é o peixe do dia.
Lembra-me que na Argentina, um dia, roubaram as mãos do cadáver de Perón, e na Rússia abriram a sepultura de um general suicida, para furtar-lhe a farda e vendê-la como relíquia. Já roubaram o relógio do marechal Castelo Branco, no mausoléu ao lado do Palácio da Abolição. Jamais descobriram o autor da façanha.
O padre Vieira escreveu a Arte de Furtar, e também quiseram furtar-lhe a autoria, achando que não era dele. Diria Drummond: como dói!